segunda-feira, 16 de março de 2009

ACAZ - CORAÇÃO PERVERSO

731 a.C. - 715 a.C.


•2 Rs 16.1-20; 2 Cr 28.1-27

 

Segundo a Palavra de DEUS Acaz, foi o décimo segundo rei de Judá, e reinou 4 anos junto com Jotão, seu pai, e depois, sozinho, mais 16 anos (736-716 a.C.). Foi um dos piores reis de Judá. No tempo do governo de Acaz em Judá, a Assíria era o império dominante. Foi esse império que DEUS usou para disciplinar o reino do Norte (Israel) no ano 722 a.C.

Em 2 Rs 16.7,8 podemos perceber nitidamente o quanto ele estava comprometido com Tiglate-Pileser, rei da Assíria quando diz "Eu sou teu servo e teu filho". Percebe-se a falta de senso desse rei, que preferiu ser conhecido como filho de um ímpio. Ao que nos parece, Acaz se sentia à vontade nos templos pagãos da Assíria; todo aquele poder o impressionava e contagiava o seu coração. Ele foi seduzido por uma religião libertina em que a prosperidade e o senso de vitória predominavam. Durante todo seu reinado, não se vê um coração que se humilha diante de DEUS. Acaz não sentia em seu coração o peso dos seus pecados diante de DEUS. Ele sacrificou os próprios filhos em ritual satânico - (2 Cr 28.3).

Acaz é para nós uma figura da degradação espiritual mais elevada que podemos encontrar em um descendente de Abraão. Nesse tempo o reino de Judá foi marcado por grandes perdas. A Síria derrotou Judá e levou uma grande quantidade de presos - (2 Cr 28.5); o reino de Israel também obteve grande vitória contra Judá. Num só dia, Peca, filho de Remalias, matou em Judá cento e vinte mil homens poderosos. A Bíblia diz que isso aconteceu "por terem abandonado o SENHOR, DEUS de seus pais" - (2 Cr 28.6). Nessa batalha Israel levou cativo duzentos mil homens e mulheres, e grandes despojos. A Bíblia diz que ainda os Edomitas e os Filisteus pelejaram contra Judá e venceram levando ainda mais cativos. O mais impressionante, é que em nenhum momento se vê Acaz arrependido. Ele não busca a DEUS. No versículo 16 do capítulo 28 de 2 Crônicas diz que ele busca ajuda do rei da Assíria, mas que este não o ajudou, embora tendo Acaz dado a ele os tesouros da Casa do SENHOR.

Quanto mais a angústia aumentava, mais ele se afundava em sua idolatria. Ele passou a buscar e adorar os deuses da Síria, porque dizia ele: "Visto que os deuses dos reis da Síria os ajudam, eu lhes oferecerei sacrifícios para que me ajudem a mim". Lamentabilismo engano, esses deuses não o puderam livrar.

Acaz em sua perversidade sem medida toma os utensílios sagrados da Casa do SENHOR e os faz em pedaços, e ainda, fecha as portas da Casa do SENHOR - (2 Cr 28.24). Morreu aos trinta e seis anos, ainda bem jovem. Não foi sepultado nos sepulcros dos reis de Judá, pois foi considerado um rei indigno. 

CORAÇÃO PERVERSO 

A Bíblia diz em Hebreus 3.10 e 12: "Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos. Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do DEUS vivo". Quero analisar algumas frases deste texto para que espiritualmente venhamos entender o coração de Acaz, e ver o quanto podemos nos tornar vítimas do nosso próprio coração.

Em Hebreus 3.10 o autor dessa epístola diz: "esses sempre erram no coração" - No grego o vocábulo "erram" é planao, que significa: "engano", "desviar", "conduzir longe da verdade". Nenhum coração é mais perverso que um coração de incredulidade. Nada ofende tanto a DEUS quanto nossa incredulidade. Todo pecado viola a lei justa de DEUS, mas alguns pecados insultam o próprio DEUS, como é o caso do pecado da incredulidade.

"Tende cuidado..." - No grego esta palavra (expressão) é blepo, que significa: "saber por experiência", "considerar".

"Perverso coração" - A palavra "perverso" no grego é poneros, descreve uma condição geral.

O vocábulo "coração" é comum no Antigo e no Novo Testamento, referindo-se ao homem interior. Freqüentemente está relacionado a parte emocional e intelectual do homem. Na Septuaginta (tradução do original hebraico do A.T., para o grego, completada cerca de duzentos anos antes de CRISTO), esse termo é usado cerca de mil vezes; e no N.T., é usado por cerca de cento e sessenta vezes.

A expressão "perverso coração" é encontrada no Antigo Testamento em Jeremias 16.12; 18.12. Quando o coração é endurecido vemos a ordem de desvio gradual: pecado, mente iludida, coração endurecido, incredulidade e apostasia.

PECADO DELIBERADO 

Ainda na epístola aos Hebreus vamos ler o capítulo 10 e os versículos 26 a 29: 

v.26: "Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados";

v.27: "pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários".

v.28: " Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés".

v.29: "De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o ESPÍRITO da graça?". 

O que é o pecado deliberado? No grego a expressão "deliberado" é hekousios que significa: "voluntário", "de boa vontade", "espontâneo". Quando estudamos a vida de Acaz o que vemos é justamente isso. Um homem que mesmo tendo uma herança espiritual divina, preferiu seguir seu próprio caminho.

Se você estuda a epístola aos Hebreus, perceberá que esse pecado está dentro do contexto de todo ensino que foi ministrado desde os versículos 19 a 25:

v.19: "Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de JESUS".

v.20: "pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne",

v.21: "e tendo grande sacerdote sobre a casa de DEUS",

v.22: "aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura".

v.23: "Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel".

v.24: "Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras".

v.25: "Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima". 

Quero que você preste atenção no versículo 26: "Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade...". Essa frase "pleno conhecimento da verdade" indica o que acabamos de ler nos versículos 19 a 25:

  1º. A verdade do sangue de CRISTO que nos abriu o caminho para o Santo dos Santos;

  2º.O termo "tendes" revela a certeza quanto à pessoa do nosso Sumo Sacerdote. Esse Sumo Sacerdote é o Filho de DEUS, nosso SENHOR JESUS.

  3º.Por causa da obra do nosso Sumo Sacerdote, podemos nos aproximar com total certeza e fé, porque nosso coração já foi purificado tanto pelo sangue como pelo trabalho da Palavra - (v.22).

  3º.O termo "guardemos firme a confissão" no original significa: "tomar posse daquilo que já foi declarado". Os versículos 19 e 20 nos mostram a obra, e o versículo 21 nos mostra a pessoa do Filho. Portanto, o versículo 23 nos exorta a tomar posse da obra e da pessoa do Filho. Aquele que fez a promessa é "fiel"; isto é, o Filho, nosso Sumo sacerdote é Fiel - (Hb 2.17). 

Depois de recebermos o pleno conhecimento da verdade, experimentarmos a CRISTO como nosso Sumo Sacerdote, que está a destra do Pai ministrando o Pai para dentro de nós. Depois de vermos que o caminho até o trono da graça está aberto pelo sangue de CRISTO. Depois de nos tornarmos participantes da Superioridade do sacrifício de CRISTO, e de todas as bênçãos eternas que temos em CRISTO, se viermos retroceder estaremos ferindo profundamente o coração de DEUS. Este é o pecado deliberado. Este é o tipo de pecado que as pessoas cometem de olhos abertos.

ANÁLISE TEXTUAL
 

Quero fazer uma análise mais detalhada de alguns termos segundo o original grego dos versículos:

"Quanto mais" - (v.29) - exprime a idéia de maior intensidade em relação à conseqüência do pecado deliberado.

"calcar aos pés o Filho de DEUS" - No grego é Katpateo indica "desprezo", "desdenho", "insultar". 

"profanar o sangue da aliança" - "profanar" significa: "tratar com irreverência", "desrespeitar", "ofender", "afrontar", "desonrar". Isso indica que podemos considerar o Sangue do SENHOR JESUS uma coisa comum.

"ultrajar o ESPÍRITO da graça" - No grego "ultrajar" é enubridzo, e significa: "não cumprir a lei", "desrespeitar", "transgredir", "ofender gravemente a dignidade de", "afrontar", "desonrar", "insultar". 

Quando traduzimos estes termos do original, podemos ver a gravidade de pecar deliberadamente contra DEUS, como fez Acaz. É rejeitar, desdenhar, tratar com irreverência a obra e a pessoa do Filho de DEUS; é ofender gravemente o ESPÍRITO SANTO, porque é ele quem aplica essas experiências na vida do cristão.
 

O DESPREZO À CRUZ DE CRISTO
 

O capítulo 16 de 2 Reis, versículos 10 a 16 nos contam que certo dia Acaz foi a Damasco, e lá viu um altar pagão. A Bíblia diz que Acaz tomou a planta daquele altar pagão e enviou ao sacerdote Urias para que se fizesse um altar idêntico àquele altar pagão.

Quando examinamos os versículos 12 a 15 vemos a seriedade da situação, vejamos:

v.12: "Vindo, pois, de Damasco o rei, viu o altar, chegou-se a ele e nele sacrificou".

v.13: "Queimou o seu holocausto e a sua oferta de manjares, derramou a sua libação e aspergiu o sangue das suas ofertas pacíficas naquele altar".

v.14: "Porém o altar de bronze, que estava perante o SENHOR, tirou ele de diante da casa, de entre o seu altar e a Casa do SENHOR e o pôs ao lado do seu altar, do lado norte".

v.15: "Ordenou também o rei Acaz ao sacerdote Urias, dizendo: Queima, no grande altar, o holocausto da manhã, como também a oferta de manjares da tarde, e o holocausto do rei, e a sua oferta de manjares, e o holocausto de todo o povo da terra, e a sua oferta de manjares, e as suas libações; todo sangue dos holocaustos e todo sangue dos sacrifícios aspergirás nele; porém o altar de bronze ficará para a minha deliberação posterior". 

Há algumas preciosas verdades que DEUS deseja nos falar dentro destes textos, vejamos:

1º.A troca dos valores espirituais. Acaz desprezou aquilo que era sagrado, aquilo que apontava para a cruz de CRISTO. Em Êxodo 27.1,2 o SENHOR falou a Moisés: "Farás também o altar de madeira de acácia; de cinco côvados será o seu comprimento, e de cinco, a largura (será quadrado o altar), e de três côvados, a altura. Dos quatro cantos farás levantar-se quatro chifres, os quais formarão uma só peça com o altar; e o cobrirás de bronze". Vejamos as lições espirituais contidas nesse altar:

1ª.Lição - O altar do sacrifício nos fala da obra da cruz.

2ª.Lição - A "madeira de Acácia" - a incorruptibilidade da vida humana do SENHOR JESUS.

3ª.Lição - O número "cinco" - é o número da responsabilidade do homem.

4ª.Lição - O número "três" - revela a "unidade da divindade na Trindade". É o número que fala da expressão da comunhão do DEUS-Triúno.

5ª.Lição - O número cinco fala-nos também da graça de DEUS é a medida da cruz de CRISTO. O Pai, o Filho e o ESPÍRITO SANTO são as três pessoas da bendita Trindade divina. Essas três pessoas divinas são representadas pelo número 3. O número 4 é o número da criação. Por isso aqueles querubins que representam a criação, tinham quatro rostos. Em Apocalipses capítulo 4, DEUS é adorado pela criação. No capítulo 5 de Apocalipse DEUS é adorado pela redenção. Depois da obra da criação, DEUS descansou da obra da criação mas seguiu trabalhando em outra obra. "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também" - (Jo 5.17). A obra que seguiu a criação foi a redenção. A graça, é representada pelo número 5, aparece no capítulo 5 de Apocalipses. Aparece o Cordeiro, que agora é adorado porque "com Seu sangue redimiu para DEUS, povos de toda língua e nações". Portanto, o número 5 é o número da graça.  

Como temos visto o "altar do sacrifício", que é uma figura da cruz de CRISTO, vemos a predominância do número cinco. O número cinco é o número que corresponde às medidas da cruz de CRISTO, pois espiritualmente nos fala da graça de DEUS. Esse "altar de bronze" era onde o cordeiro oferecido em sacrifício, e isso prefigurava a cruz de CRISTO, que é a mais elevada expressão da graça de DEUS. Nessas medidas do "altar do sacrifício" está à prova da graça de DEUS; isso nos revela também a obra perfeita de CRISTO. A altura deste "altar" era de "três côvados"; isto porque, a obra da cruz tinha que estar de acordo com o caráter de DEUS. Tinha que corresponder ao valor que DEUS exigia dela. Todas essas verdades espirituais foram às verdades que Acaz menosprezou; pois esse altar era uma sombra da cruz de CRISTO.
 

O PADRÃO DE DEUS
 

Será que compreendemos o padrão de DEUS em relação a serviço cristão? Será que entendemos que DEUS não aceita mistura do nosso serviço a Ele com as coisas do mundo? Será que isso não nos impressiona? Será que podemos perceber quantas coisas Acaz estava menosprezando?

Irmãos devemos ser claros em relação à nossa vida cristã, pois, quantas coisas temos introduzido na Igreja do SENHOR JESUS, só porque elas funcionam muito bem no mundo! Será que nos damos conta do quanto temos abandonado o modelo que DEUS nos tem dado, para introduzir aquilo que julgamos interessante e atrativo? Talvez o nosso modelo de adoração não atraia as pessoas, mas deve atrair a DEUS.

Podemos recordar a passagem de Romanos 1.23: "E mudaram a glória do DEUS incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis". Aqui neste texto a palavra grega para "mudaram" é allasso, que significa: "trocar uma coisa por outra". A palavra "semelhança" no grego é homoioma e significa: "figura", "imagem", "representação".



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